A verdade é uma só: poucas coisas me deixam tão feliz quando comprar. Não serei hipócrita em dizer o contrário. E isso não é mérito dos blogs de moda e do consumismo que os rodeia, eu sempre fui assim. Meu primeiro emprego pagava R$ 50,00 por semana. Eu pegava o dinheiro na sexta-feira e gastava tudo no sábado, no shopping. Não importava se fosse um sapato novo, uma calça jeans, um vestidinho, só o fato de comprar já me deixava animada. Pouco mudou de lá para cá.
A sensação de vestir uma roupa nova tem em mim um poder embelezador. Sim, eu me sinto mais bonita quando estou vestindo peças recém compradas, por mais ilógico que possa parecer.
Isso pode soar fútil e a verdade é que não deixa de ser. Comprar é um ato inconsciente que nos traz a sensação de poder. Eu posso ter uma bolsa nova. Não porque eu precise, mas porque quero. Eu quero, eu posso, eu tenho. Isso se torna um vício se a gente não colocar freio. Como fazê-lo? Eis uma questão dificílima de responder – ainda que já exaustivamente discutida – se eu soubesse já teria parado de comprar, rs…
Acontece que quando a gente pensa nas viagens que deixou de fazer por falta de grana, nos jantares com amigos que evitou para não desfalcar a conta bancária, nas inúmeras chances que perdeu porque gastou tudo em roupa e sapato, aí sim, a gente entende que algo está errado. E é nesse momento que você percebe que os prazeres da vida não estão nas coisas que compramos e mostramos em nossos blogs. Isso tudo é passageiro, efêmero, desimportante. A roupa fica velha e ultrapassada. As lembranças das viagens, dos momentos com gente querida, essas sim, não saem de moda jamais.
Uma vez ouvi Cris Guerra dizer que seu maior patrimônio era seu armário. Entendo em partes, Cris é ícone, é precursora dos blogs de look do dia no Brasil, suas roupas lhe deram muito do que hoje ela tem (méritos, muitos méritos, acho a Cris o máximo e absolutamente merecedora do sucesso que faz). Mas ela é um caso em um milhão, não podemos esperar que nossas roupas façam tanto por nós.
Consumir conscientemente é um ato que requer prática (especialmente se você for a louca do cartão de crédito), mas não é impossível. Pequenas atitudes podem trazer grandes resultados. Lembram-se do Programa Bolsa Família? Pensando nisso, eu e algumas blogueiras amigas iniciaremos um projeto bem bacana, para ajudar a distribuir a renda entre as blogueiras, facilitando o acesso dos mais pobres aos programas sociais do Governo Federal.